sábado

para o Fran, que me agüenta, diverte e espanta

Por ti teço lágrimas de azul veludo:
Cobri crianças de Burquina Fasso
que morreram vestidas de fome
Cobri inuítes de Baffin
e com roupas embriagadas
devastei sua única urbe.

Na extensa neve agora
há rastros de azul podre
e não são morsas nem focas.
No extenso deserto agora
há rastros de podre azul
e não são muáris nem gnus.

Não cessam de tecer fazendas
minhas lágrimas de azul veludo
Cobri hectares, florestas, cidades,
espelhos: vou embalar o mundo.

na verdade queria apenas embalar-
te, meu velho, deitado numa rede
de veludo vermelho.

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