Forever and ever
até amanhã.
quinta-feira
quarta-feira
Baixa-ajuda
E então você pensa:
eu não queria estar aqui
eu não queria estar assim
e ainda:
poderia ser pior
mas melhor só estaria
se estivesse contigo:
as favelas encolhem
a África é apenas safari
e a aids obsoleta
porque o amor é maior que quase tudo
menos que a falta de amor.
eu não queria estar aqui
eu não queria estar assim
e ainda:
poderia ser pior
mas melhor só estaria
se estivesse contigo:
as favelas encolhem
a África é apenas safari
e a aids obsoleta
porque o amor é maior que quase tudo
menos que a falta de amor.
terça-feira
Quem sabe sábado
Quem sabe sábado meu mundo gira
e eu saio dessa presa com pressa de esquecer.
E tudo não passe de um vil passado
(e até pergunte: Valter, mas qual?)
Quem sabe sábado?
e eu saio dessa presa com pressa de esquecer.
E tudo não passe de um vil passado
(e até pergunte: Valter, mas qual?)
Quem sabe sábado?
segunda-feira
Fiz um sonho
Ia dizer que tive um sonho
Mas oras sonhos não se têm
como se tem dor de cabeça ou salário no fim do mês
Sonhos são feitos
assim como se faz amor
e se faz o Amor.
Pena que se consumam tão rápido
- o sonho, o amor, o Amor e o salário
num piscar de olhos
num dobrar de pernas
num virar a esquina
assim como a bolha se esvaece na boca.
Podem ainda se tornar pesadelos inda mais ligeiros:
no piscar de um olho
no dobrar de um pé
no virar esquina exposta ao vento
A vida se desfaz
e a dor de cabeça que se tem aumenta.
Ia dizer: FIZ um sonho
No sonho que eu fiz a ti tinha
até virares outra esquina,
minha bolha virar espuma
e a dor de cabeça, um aneurisma.
Mas oras sonhos não se têm
como se tem dor de cabeça ou salário no fim do mês
Sonhos são feitos
assim como se faz amor
e se faz o Amor.
Pena que se consumam tão rápido
- o sonho, o amor, o Amor e o salário
num piscar de olhos
num dobrar de pernas
num virar a esquina
assim como a bolha se esvaece na boca.
Podem ainda se tornar pesadelos inda mais ligeiros:
no piscar de um olho
no dobrar de um pé
no virar esquina exposta ao vento
A vida se desfaz
e a dor de cabeça que se tem aumenta.
Ia dizer: FIZ um sonho
No sonho que eu fiz a ti tinha
até virares outra esquina,
minha bolha virar espuma
e a dor de cabeça, um aneurisma.
domingo
O fim
Morto o amor torto
Mato, aqui, às 2h1min da manhã fria para um 13 de novembro, brutalmente, por ser tratar de um combatente, o maior amor que pude conceber. Um amor tão torto quanto eu, pois crescia à medida que se desesperançava. Tão grande em mim foi-se tornando, sem que eu pudesse compartilhá-lo com quem de direito, já que o tamanho desse amor era exato os nossos somados, que ou bem o matava ou ele a mim, como um câncer em progressão irreparável que reparei. Morra, amor, já que não posso com teu corpo. Monstro amor, infeliz, feto daninho. Morra amor lindo, para que eu possa gerar novas paixões e cuidar de quem as cuide. Não peço que deixes nada. Não aceito restos. Não quero que largues sementes nem que percas tuas vísceras pelo caminho, nada que possa de si brotar um outro novo amor sem que eu possa exibi-lo junto daquele igual a mim. Morra, ingrato: deverias ter chorado antes. E que aquele que te desdenhou tenha que pisar em teu cadáver - talvez chorar sobre ti em algumas manhãs tristes - por muito tempo, até que também morra, ao teu lado, para que eu possa rir mesmo sem dentes diante dos dois. Pois ele é, tanto quanto eu, teu assassino. És um cadáver tão lindo, amor; e é triste ver-te assim e ter que te imaginar grande sobre as quatro mãos que não mais se tocaram.
2h3min da manhã fria para um 13 de novembro. O maior amor que pude conceber deu seu último suspiro. E eu também, para não mais, de dor e alívio.
Mato, aqui, às 2h1min da manhã fria para um 13 de novembro, brutalmente, por ser tratar de um combatente, o maior amor que pude conceber. Um amor tão torto quanto eu, pois crescia à medida que se desesperançava. Tão grande em mim foi-se tornando, sem que eu pudesse compartilhá-lo com quem de direito, já que o tamanho desse amor era exato os nossos somados, que ou bem o matava ou ele a mim, como um câncer em progressão irreparável que reparei. Morra, amor, já que não posso com teu corpo. Monstro amor, infeliz, feto daninho. Morra amor lindo, para que eu possa gerar novas paixões e cuidar de quem as cuide. Não peço que deixes nada. Não aceito restos. Não quero que largues sementes nem que percas tuas vísceras pelo caminho, nada que possa de si brotar um outro novo amor sem que eu possa exibi-lo junto daquele igual a mim. Morra, ingrato: deverias ter chorado antes. E que aquele que te desdenhou tenha que pisar em teu cadáver - talvez chorar sobre ti em algumas manhãs tristes - por muito tempo, até que também morra, ao teu lado, para que eu possa rir mesmo sem dentes diante dos dois. Pois ele é, tanto quanto eu, teu assassino. És um cadáver tão lindo, amor; e é triste ver-te assim e ter que te imaginar grande sobre as quatro mãos que não mais se tocaram.
2h3min da manhã fria para um 13 de novembro. O maior amor que pude conceber deu seu último suspiro. E eu também, para não mais, de dor e alívio.
O começo
O Tempo e o Beijo
(uma fábula)
Fazia calor porque o sol precisava ver de perto. E o ventilador da sala tentava, em vão, refrescar nossa inquietude, enquanto a professora passarinho sussurrava Apuleio. Meu boné azul pairava de um lado a outro, entre os olhos de vagalume dela, às vezes, e os olhos de tocha dele, quase sempre. Então um bilhete despretencioso tornou-se o ingresso da nossa peça; nela a gente entrou ao sair. O intervalo antecipado consta nos anais da universidade como o mais longo de todos. Enquanto nosso lado mais supérfluo varria datas, nomes e geografias, nossas caldeiras ferviam. Até que deu-se o beijo na árvore. As formigas, agitadas, avisaram os cupins, as borboletas, os bem-te-vis. A natureza entrava em colapso. Aquele era o beijo mais bicho de que se tinha conhecimento, a vida voltava ao Gênesis, e nós éramos Adão e Isra ou Valter e Eva, não me lembro. Quando o beijo-ser pausou, um grande e alto galho desmembrou-se de seu tronco: nascia o amor.Desde então é esse o filme que mais passa na minha sessão. E toda vez que termina eu chovo. E toda vez que eu chovo venta. E quando venta um galho seco se quebra em mim e atrapalho a audiência. E então preciso voltar a bitola: fazia calor porque o sol precisava ver de perto.
(Naquele tempo, eram águas de março, verão, promessa, vida, coração.Agora é pau, pedra, o fim)
B.R., 17 de novembro de 2007. Quem sou eu sozinho?
(uma fábula)
Fazia calor porque o sol precisava ver de perto. E o ventilador da sala tentava, em vão, refrescar nossa inquietude, enquanto a professora passarinho sussurrava Apuleio. Meu boné azul pairava de um lado a outro, entre os olhos de vagalume dela, às vezes, e os olhos de tocha dele, quase sempre. Então um bilhete despretencioso tornou-se o ingresso da nossa peça; nela a gente entrou ao sair. O intervalo antecipado consta nos anais da universidade como o mais longo de todos. Enquanto nosso lado mais supérfluo varria datas, nomes e geografias, nossas caldeiras ferviam. Até que deu-se o beijo na árvore. As formigas, agitadas, avisaram os cupins, as borboletas, os bem-te-vis. A natureza entrava em colapso. Aquele era o beijo mais bicho de que se tinha conhecimento, a vida voltava ao Gênesis, e nós éramos Adão e Isra ou Valter e Eva, não me lembro. Quando o beijo-ser pausou, um grande e alto galho desmembrou-se de seu tronco: nascia o amor.Desde então é esse o filme que mais passa na minha sessão. E toda vez que termina eu chovo. E toda vez que eu chovo venta. E quando venta um galho seco se quebra em mim e atrapalho a audiência. E então preciso voltar a bitola: fazia calor porque o sol precisava ver de perto.
(Naquele tempo, eram águas de março, verão, promessa, vida, coração.Agora é pau, pedra, o fim)
B.R., 17 de novembro de 2007. Quem sou eu sozinho?
sábado
Metamorbofe
Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Santa deu por si na cama transformado num gigantesco hétero ao lado de uma amapoa.
Metamorfossa
Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Sonso deu por si na cama transformado num gigantesco corno ao lado da mulher e do outro.
Metamorgoze
Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Sério deu por si na cama todo melado depois da polução noturna.
Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Santa deu por si na cama transformado num gigantesco hétero ao lado de uma amapoa.
Metamorfossa
Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Sonso deu por si na cama transformado num gigantesco corno ao lado da mulher e do outro.
Metamorgoze
Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Sério deu por si na cama todo melado depois da polução noturna.
segunda-feira
O dia que beijei John Lennon
O nome dele é John Lennon. Transgredi as leis: ele só tem 17, mas parece que trafega por essas vias há mais tempo. John Lennon não gosta dos Beatles, mas tem muito tempo para perceber a genialidade dos ingleses. Faz magistério, e eu, um ancião, me senti uma criança em seu colo. Poderia estar entretido com o High School Musical, mas me deu uma aula de afeto. Dois carentes na cidade. Lennon, acostumado a sugerir involuntariamente diante de si a figura de outro, o outro John, me disse: me abraça como se eu fosse aquele que você queria que estivesse aqui agora. E abracei, suado e exausto. Foi triste mas foi bom. Pude ouvir em algum lugar por aí, a partir daquele quarto sujo de Porto Alegre, versos assim e sinos dobrando: a very merry Christmas and a happy New Year. E então beijei o jovem John.
quinta-feira
quarta-feira
No poço um começo
Dedicado a quem me achar aqui
(um encontra o outro). Ei, quem é você? (pensando) Não lembro mais. Ah. E você, que faz aqui? Estou no fundo do poço. Disso eu sei, na verdade quero saber por que você está aqui: perdeu o emprego, descobriu um câncer, foi despejado? Fui trocado por outro. Eu também; pensei que algum dia alguém cairia aqui por outro motivo, mas é sempre o mesmo. Você não lembra quem é, mas sabe por que está aqui? A gente esquece tudo, mas nunca esquece que foi trocado por outro. E eu que pensei que chegaria aqui sozinho. A gente sempre acha que está sozinho no fundo do poço. Enquanto caía, eu pensava: o que teria além do fundo do poço? Tem lama, terra e algumas pedrinhas, que eu sinto. Ou seriam bichinhos? É tão escuro... Li certa vez que no fundo do poço do poço do poço do poço eu descobriria quê. Que o quê? O autor não disse... só escreveu “quê” e pôs um ponto final na história. Ah, talvez ele nunca tenha estado no fundo de um poço, você sabe: eles inventam. Ou vai ver ele caiu noutro poço; por acaso você acha que o seu é o único? Não, de maneira alguma... além do que, esse poço não é mais meu, agora é nosso. (os dois enrubescem) Sabe, eu acho que estou gostando de você. É? Eu também acho que estou caidinho, nos dois sentidos. (os dois riem, um pouco pelos nervos à flor do amor). Quer sair do fundo do poço comigo? Só saio depois de um beijo. (eles se beijam e ascendem).
(um encontra o outro). Ei, quem é você? (pensando) Não lembro mais. Ah. E você, que faz aqui? Estou no fundo do poço. Disso eu sei, na verdade quero saber por que você está aqui: perdeu o emprego, descobriu um câncer, foi despejado? Fui trocado por outro. Eu também; pensei que algum dia alguém cairia aqui por outro motivo, mas é sempre o mesmo. Você não lembra quem é, mas sabe por que está aqui? A gente esquece tudo, mas nunca esquece que foi trocado por outro. E eu que pensei que chegaria aqui sozinho. A gente sempre acha que está sozinho no fundo do poço. Enquanto caía, eu pensava: o que teria além do fundo do poço? Tem lama, terra e algumas pedrinhas, que eu sinto. Ou seriam bichinhos? É tão escuro... Li certa vez que no fundo do poço do poço do poço do poço eu descobriria quê. Que o quê? O autor não disse... só escreveu “quê” e pôs um ponto final na história. Ah, talvez ele nunca tenha estado no fundo de um poço, você sabe: eles inventam. Ou vai ver ele caiu noutro poço; por acaso você acha que o seu é o único? Não, de maneira alguma... além do que, esse poço não é mais meu, agora é nosso. (os dois enrubescem) Sabe, eu acho que estou gostando de você. É? Eu também acho que estou caidinho, nos dois sentidos. (os dois riem, um pouco pelos nervos à flor do amor). Quer sair do fundo do poço comigo? Só saio depois de um beijo. (eles se beijam e ascendem).
terça-feira
sábado
para o Fran, que me agüenta, diverte e espanta
Por ti teço lágrimas de azul veludo:
Cobri crianças de Burquina Fasso
que morreram vestidas de fome
Cobri inuítes de Baffin
e com roupas embriagadas
devastei sua única urbe.
Na extensa neve agora
há rastros de azul podre
e não são morsas nem focas.
No extenso deserto agora
há rastros de podre azul
e não são muáris nem gnus.
Não cessam de tecer fazendas
minhas lágrimas de azul veludo
Cobri hectares, florestas, cidades,
espelhos: vou embalar o mundo.
na verdade queria apenas embalar-
te, meu velho, deitado numa rede
de veludo vermelho.
Por ti teço lágrimas de azul veludo:
Cobri crianças de Burquina Fasso
que morreram vestidas de fome
Cobri inuítes de Baffin
e com roupas embriagadas
devastei sua única urbe.
Na extensa neve agora
há rastros de azul podre
e não são morsas nem focas.
No extenso deserto agora
há rastros de podre azul
e não são muáris nem gnus.
Não cessam de tecer fazendas
minhas lágrimas de azul veludo
Cobri hectares, florestas, cidades,
espelhos: vou embalar o mundo.
na verdade queria apenas embalar-
te, meu velho, deitado numa rede
de veludo vermelho.
Há coisa que não me bastam:
Um abraço quando peço amasso
Um passo quando peço pulo
Um amor do tamanho do mundo:
o retorno é um afago nulo.
Quando me dizes boa-noite
melhor seria que nada me dissesses
Há coisas que não me bastam:
Desdenho no lugar de prece
Uma mensagem resoluta (boa-noite?)
quando queria me despir-te puta.
Um abraço quando peço amasso
Um passo quando peço pulo
Um amor do tamanho do mundo:
o retorno é um afago nulo.
Quando me dizes boa-noite
melhor seria que nada me dissesses
Há coisas que não me bastam:
Desdenho no lugar de prece
Uma mensagem resoluta (boa-noite?)
quando queria me despir-te puta.
Arnaldo Jabor resumiu tudo em 86. E eu só tinha 8 anos
Quantas vezes a cada segundo isso tudo acontece?
"– Eu me apaixonei por outro homem, porque você não me emocionava mais. Eu vi brilhando nos olhos dele uma beleza que era eu e que teus olhos não refletiam mais... Ele me ouvia... me ouvia... esquecia de si mesmo e me ouvia... ele se encantava comigo, comigo, com meu ar em volta.... E eu ia surgindo daquela adoração como uma snta surge da fé das pessoas... ele era mais feio, mais fraco que você, mas tinha uma delicadeza que você nunca teve, você nunca se esqueceu de si, nunca viu quem eu era... ele, não... ele tinha uma delicadeza que você nunca teve...(...) eu nunca fui tão amada na vida... por dois homens ao mesmo tempo...nunca você me amou tanto... homem só ama quando perde a mulher... você me adorava tonto dentro de casa sem conseguir sair..."
"– Agora que terminou tudo... a gente consegue ver a beleza do outro... é isso... já vou indo... vou embora... tchau!!"
"– Eu me apaixonei por outro homem, porque você não me emocionava mais. Eu vi brilhando nos olhos dele uma beleza que era eu e que teus olhos não refletiam mais... Ele me ouvia... me ouvia... esquecia de si mesmo e me ouvia... ele se encantava comigo, comigo, com meu ar em volta.... E eu ia surgindo daquela adoração como uma snta surge da fé das pessoas... ele era mais feio, mais fraco que você, mas tinha uma delicadeza que você nunca teve, você nunca se esqueceu de si, nunca viu quem eu era... ele, não... ele tinha uma delicadeza que você nunca teve...(...) eu nunca fui tão amada na vida... por dois homens ao mesmo tempo...nunca você me amou tanto... homem só ama quando perde a mulher... você me adorava tonto dentro de casa sem conseguir sair..."
"– Agora que terminou tudo... a gente consegue ver a beleza do outro... é isso... já vou indo... vou embora... tchau!!"
sexta-feira
Da série: os mais lindos versos da música
Você me abre seus braços/E a gente faz um país
Marina Lima, Antonio Cícero
Marina Lima, Antonio Cícero
Da série: os mais lindos versos da música
Nos sabermos só(i)s sem estarmos sós.
Caetano Veloso - Tá combinado
Caetano Veloso - Tá combinado
Marcadores:
Tá combinado MPB Caetano Veloso
Da série: os mais lindos versos da música
Durma qual criança no seu colo
Sinta o cheiro forte do teu solo
Gonzaguinha - Diga Lá, Coração
Sinta o cheiro forte do teu solo
Gonzaguinha - Diga Lá, Coração
Marcadores:
coração música popular brasileira,
Gonzaguinha Diga lá
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