domingo

O fim

Morto o amor torto

Mato, aqui, às 2h1min da manhã fria para um 13 de novembro, brutalmente, por ser tratar de um combatente, o maior amor que pude conceber. Um amor tão torto quanto eu, pois crescia à medida que se desesperançava. Tão grande em mim foi-se tornando, sem que eu pudesse compartilhá-lo com quem de direito, já que o tamanho desse amor era exato os nossos somados, que ou bem o matava ou ele a mim, como um câncer em progressão irreparável que reparei. Morra, amor, já que não posso com teu corpo. Monstro amor, infeliz, feto daninho. Morra amor lindo, para que eu possa gerar novas paixões e cuidar de quem as cuide. Não peço que deixes nada. Não aceito restos. Não quero que largues sementes nem que percas tuas vísceras pelo caminho, nada que possa de si brotar um outro novo amor sem que eu possa exibi-lo junto daquele igual a mim. Morra, ingrato: deverias ter chorado antes. E que aquele que te desdenhou tenha que pisar em teu cadáver - talvez chorar sobre ti em algumas manhãs tristes - por muito tempo, até que também morra, ao teu lado, para que eu possa rir mesmo sem dentes diante dos dois. Pois ele é, tanto quanto eu, teu assassino. És um cadáver tão lindo, amor; e é triste ver-te assim e ter que te imaginar grande sobre as quatro mãos que não mais se tocaram.

2h3min da manhã fria para um 13 de novembro. O maior amor que pude conceber deu seu último suspiro. E eu também, para não mais, de dor e alívio.

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