terça-feira

Mario, Erico, Drummond
Pode parecer falácia
Mas no Brasil, para ser poeta bom
Tem-se que estudar farmácia.
Pensei que talvez pudéssemos ser feliz. E, quem sabe, até, será? fe-li-zes. Me deu, meu deus, vontade de ir embora, mas uma vontade infinita de ficar pra ver quanto quando e porquê. Porque minha VONTADE é contar todos os teus pêlos. Sabê-los. Vertê-los até o fim de tudo. São um milhão, novecentos e quarenta e sete mil, quatrocentos e trinta e um cabelos. E trinta, digo, porque acabo de subtrair um debaixo do teu ventre. Penso: seremos felizes, apesar de toda perenidade que há por trás de tudo isso? É o que queremos? Queremo-nos? Seremo-nos? Serenos? Tranqüilos? Eternos. Passageiros, nós. Quero ser a casca do que há em ti. Até apodrecermos. E isso é tão bonito.

quarta-feira

Me vejo na vila
Sereno – girino
Na vala, me lavo
Menino

Me valho na tarde
Caminho cidade
De casas de palha e de lata

Passa o negrinho,
Passa a bicha se fazendo
de mulata
Borboleta rebolada,
Dar o cu pra gurizada,
Ardida urtiga,
Acabada e amarela

O fim da vila: a favela


(este poema integra um futuro livro que um dia será editado e chamar-se-á Poema Bicha, numa alusão ao Poema Sujo de Gullar)