quarta-feira

De repente você se vê quase nos trinta sem casa sem carro e sem ninguém. Sei, tem os amigos, mas amigos nunca se tem, só se empresta. Quer dizer, todas as possibilidades estão aí, mas não há aderência para que tudo seja posse. E o pior é que se fosse, o carro precisaria ser pago, a casa mantida e o amor renovado a cada dia: todas as manhãs, livrar-se do mau hálito. Todo bem que eu tenho é uma máquina fotográfica barata que registra meu fracasso. E a explicação me martela, vem e não vem, e lembro-me do Luciano me avisando que não abandonasse planos concretos por amor, que não é sólido. E fiz bem e mal por amor. Mais mal do que bem. Por quê? De uma violência para com os seus, esse menino, alguém comentaria. Quem eu deveria cuidar não cuido, com quem me desdenha eu faço festa. Onde ele está? Ninguém sabe. Ninguém sabe.

2 comentários:

Nessita! disse...

Nossa, Isra, preciso te ver, te tocar, trocar palavras, confidências, anseios e demências.

quando poderás, enfim, ser todo meu, heiN?

fui para Big River, passei pelo Celmar, lembrei-me de ti. aliás, impossível esquecer o passado. é a única certeza que temos.

luv u

Anônimo disse...

Japoneso (hihi)

"Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair assim num poço de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro d poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê."

Sempre há uma saída. Sempre. O ruim é que nem sempre nos damos conta disso. Ou, se nos damos, pode ser um tanto tarde. Mas Sempre se saí.

Ótima definição de opção sexual.
Te adoro